sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Show Off Road



Show Off Road

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Em 1996 eu ainda era jovem e destemido... Fui para o Sitio do meu Pai, onde ocorreria um almoço de família... Era feriado e minha família já tinha ido um dia antes, só faltava eu.


Acordei cedo já prevendo que haveria congestionamento na estrada. Passei na casa da namorada e fomos juntos para o Sitio em Juquitiba-SP.

Juquitiba se encontra em região de mata atlântica a 70 km de São Paulo-SP, é um lugar que chove muito e quase sempre o solo fica úmido.

Seguimos até a saída da cidade e o trafego já estava mais intenso que o de costume, mas fluindo bem... Entramos na estrada também com trafego intenso, mas fluindo. Seguimos sem problemas até a entrada da cidade de Juquitiba. O sitio fica 7 km depois dessa entrada e achamos que não pegaríamos nenhum congestionamento...

Quando estávamos quase chegando e passamos pela placa do km 333, encontramos todos os carros parados... Paramos e percebemos que os carros a frente estavam com o motor desligados, sinal que já estavam parados a algum tempo.

Do local onde paramos, dava para ver a entrada do acesso para o Sitio, que ficava no km 333,5... Depois de mais de ½ hora parados,  nada de liberar o caminho e a fila atrás de nós já não dava para ver o fim.

A BR116 ainda não estava duplicada, mas tinha obra de terraplanagem ao lado da pista principal. Era de terra plana e se estendia até a entrada do acesso do Sitio. Olhei e passou pela minha cabeça seguir por lá, mas logo desisti por ser absurdamente arriscado por não ter nenhuma proteção do outro lado, onde havia uma grande depressão e poderíamos cair lá. Além disso, estava com muito barro e até a pé seria difícil passar por lá, mesmo um 4x4 teria dificuldade...

Passou mais ½ hora e toda minha família estava me esperando para o almoço. Eu já estava impaciente. Olhei novamente para o caminho de terra e já não me pareceu tão arriscado e intransponível então comentei com a minha namorada que deveríamos tentar ir por lá e ela disse:

“Você está louco? Olha lá como está de barro, nós vamos encalhar!”

Eu respondi que o máximo que podia acontecer era encalhar mesmo, mas não disse que poderíamos cair no vale e até capotar... Falei para ela que se encalhássemos era só ir a pé até o sitio do vizinho e pedir para ele rebocar a gente com o trator... Assim a convenci que deveríamos tentar.

Liguei o carro e todos que estavam parados lá comigo acharam que eu ia voltar, mas eu fui em direção ao acostamento do outro lado da pista e desci para o aterro já acelerando para pegar embalo.  Acho que todos estavam olhando sem acreditar no que eu estava fazendo...

Logo no início o carro já começou a patinar, eu acelerei mais ainda e sem tirar o pé do acelerador, fui controlando só pelo volante, corrigindo a trajetória do carro que hora saia para a direita, hora saia para a esquerda.

O aterro era largo, mais do que a pista do outro lado e isso foi a minha sorte... No meio do caminho, eu não podia mais voltar e não estava com vontade de desistir, era o ponto mais critico do local. Foi quando o carro saiu para a direta quase a 45° e eu não consegui corrigir no volante, que já estava todo virado, mesmo assim eu continuei acelerando e o carro não rodou de vez, mas foi andando de lado por mais ou menos 20m e foi corrigindo a trajetória bem lentamente até ficar em linha reta novamente. Eu segui patinando e voando barro para todos os lados, corrigindo no volante a trajetória que continuava a sair hora para a direita, hora para a esquerda.

No inicio do trajeto, a minha namorada se manteve calada, mas nessa altura ela já estava aos gritos:

“Aí meu Deus! Você é louco! Ai,ai,ai...”

Eu não podia e nem conseguia dar atenção a ela, pois estava super concentrado tentando manter o carro andando e na direção correta. Continuei acelerando até que chegamos derrapando e o carro parou depois de uma rodada forte de 45°(cavalo de pau) bem na estrada  para entrar no sitio, que também era de terra, mas estava transitável e já a salvo de encalhar... Conseguimos!!!!

Desde o início do trajeto até o carro parar deve ter levado no máximo 2 min., mas eu tive a sensação que demorou horas. Tudo estava lento ao meu redor, tamanho era a tensão e concentração que eu fiquei naquele momento.

Logo que o carro parou, escutamos algumas buzinas e quando eu olhei para trás vi que todos que estavam parados na estrada olhando a cena, estavam buzinando, acenando e fazendo sinal de positivo para nós...

Aí eu percebi que fizemos um Show Off Road para uma grande plateia... Rrsrsrrss!!!

Já desfeito da tensão, feliz por ter conseguido e estar em piso seguro, desci do carro, todo enlameado, ergui os dois braços para cima com os punhos cerrados, como se tivesse ganhado uma corrida e as buzinas e acenos se intensificaram. Percebi que as pessoas estavam sorrindo apesar do desconforto de estarem parados em um congestionamento na estrada.

Depois disso seguimos para o sitio felizes por termos conseguido e por ter proporcionado um pouco de distração/diversão para aquelas pessoas que estavam paradas na estrada, com um Show Off Road!

4 comentários:

  1. Cara, que história... mas você foi meio sem noção, não? Já pensou se dá algo errado? se fosse minha namorada acho que eu tinha ficado solteiro háháháhá.

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    1. É.. Foi um pouco de irresponsabilidade sim, mas deu tudo certo e pelo jeito a minha namorada gostou, porque no ano seguinte ela aceito se casar comigo... Rrsrrsrsrsrrsrsrsrs!!!

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  2. Bela Historia, tenho uma parecida de quando comprei o meu Buggy...

    Parabéns,

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    1. Muito obrigado por acessar meu blog! Você pode ser um seguidor do Blog e/ou registrar seu E-mail(Tem um campo a direita da pagina para isso), para receber as novas atualizações. Fique a vontade para comentar quando quiser.

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